Título: Memórias do subsolo | Autor: Fiódor Dostoiévski | Tempo de leitura: Alguns meses entre pausas
Observações:
- Muitas e muitas camadas são dadas sutilmente ao personagem, de modo que mesmo lendo na perspectiva dele, conseguimos notar contradições e fraquezas humanas subliminares em sua fala.
- Senti que o personagem demonstra uma auto alienação como forma de fuga e transita entre se vangloriar pela inteligência acima da média que considera ter e, ao mesmo tempo, entender sua mediocridade.
"Sou um homem doente… Sou um homem raivoso. Sou
um homem sem graça nenhuma."
- O personagem possui uma personalidade difícil e constrangedora, entretanto, de forma paradoxal, sentimentos simpatia por ele. Vale ressaltar que em diversos momentos o narrador é tão absurdo que torna o livro cômico. Muitas vezes, rir é uma reação do leitor para os sentimentos de constrangimento alheio que o livro causa, mas também pela sagacidade e mau humor do personagem.
- Há um desprezo do personagem pelas convenções sociais e pelas pessoas, entretanto, em diversos momentos é perceptível sua necessidade de se encaixar nessa sociedade que ele tanto abomina.
- Apesar do narrador beirar o doentio, é muito fácil nos identificarmos com trechos dos seus pensamentos e formas de agir, levando à uma auto reflexão sobre a natureza humana.
Pontos não tão legais: Pode ser difícil entender certas referências do livro que traz aspectos históricos e filosóficos, mas também, é uma oportunidade de ingressar por novos assuntos à quem tiver a coragem de pesquisar sobre tais referências.
Outras notas: A primeira parte do livro denominada "Subsolo" é a minha favorita e, de longe, a mais engraçada. Gosto muito de certos termos que ele usa ("ignóbilzinho") e comparações que ele faz.